Ana Mari's world!

Leia livre de preconceitos, intensões e expectativas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Moço cadê a porção de batata que eu pedi?


Tive um fim de semana diferente. Foi tão incrível rever minhas amigas... Sim estar só com as meninas e me sentindo novamente com 15 anos... É engraçado como juntas a gente consegue trazer pra perto todas as cores que tinham nossas tardes depois da escola, as fofocas, piadas, sorvetes na PUC, parede do CSD... Vixe, tanta coisa junto que fica indizível.
Mas meu sábado foi especialmente adolescente... Passei na casa de um monte de amigo num dia só como fazia nos tempos de escola, tomei café com uma amiga aqui, almocei outra ali, dancei outros e maracatu geral, café com as “tias”, bar depois, mais jantar, mais make junto da amiga, troca roupa, prende cabelo, pega carro, vai, se perde, se acha, e chega.
Incrível ver como a Melissa continua linda como sempre, meiga, estranha, hostil e risonha. Melina já não é mais uma menina tímida de óculos, virou um mulherão toda vaidosa e colocou até silicone. A Sâmia continua a coisinha pequena mais incrível de toda a estratosfera intergaláctica junto com seu respectivo de mil anos Marco e seu humor bárbaro. A Pola sem comentários, não está, sempre foi belíssima, chiquérrima e parceira. Quanto à Amanda, não há o que se dizer quase 1,80m de pura gostosura, irreverência e alegria, generosidade e doçura à milhão.
Resumo da ópera, toda essa mulherada junto, com uma mala de passado e uma bagagem de mão de presente para contar numa mesa de bar, não prestou... Muita risada, muito “deixa eu te contar”, “você não sabe”, “há há há há há”, “e aí”...
É triste dar tchau, aí eu tenho de fazer rápido pra não sentir demais e não querer mais ir embora... Trouxe comigo o melhor sorriso de cada uma delas e o abraço com saudade matada, morta, morrida e já nos planos mesmo que incertos de reencontro breve, sem demora.
A propósito, depois de um comentário que ouvi na mesa do encontro fiquei pensando, mas pensando muito mesmo sobre a maneira a qual me expresso e falo. No meio de um dos vários “causos” explanados por minha pessoa na noite, após a chuva de risada certa, fui indagada:
-Você é atriz?
Eu prontamente respondi:
-Não, por quê?
O outro me falou:
-Parece que você atua o tempo todo...
Olha, eu sinceramente fiquei um tanto sem palavras, coisa difícil de acontecer comigo, mas fiquei... E por um instante na balburdia refleti seriamente sobre o que falo e como... Segundo quem me perguntou isso foi um elogio (um tanto esquisito), disse-me que gostava da maneira alegre, espontânea e representativa a qual eu falava e expunha as coisas e fatos... Mas eu louca, e cheia de manias, e tiques já fui além, e pensei que talvez ele estivesse achando que eu não estava sendo verdadeira, no que eu dizia. Fiquei com raiva. Boba, mas fiquei, quem atua, sente, eu sei, já atuei muito nessa vida... Mas quem atua também mente. Pensei que talvez eu fosse um misto de sentimentos mentirosos. No fim de tudo, cheguei à conclusão de que eu sou tão feliz, de que sou tão contagiante e cheia de luz que as coisas todas que eu falo acabam parecendo um espetáculo. Na verdade eu disse: “Honey, minha vida é um grande espetáculo”.
Quero todo mundo com o ticket na mão no próximo encontro. Na verdade eu acho mesmo é que o mundo deveria me remunerar somente pela minha existência. Não é todo espetáculo que o protagonista exerce o empirismo sem ter a certeza de sair vivo da cena, sem nenhum contrato e registro em cartório.
Ok, passou, passou... Voltei, meu lado Narciso foi embora, to aqui novamente para encerrar este texto de maneira sóbria e nada espetacular.
A mensagem que quero deixar a vocês meus leitores nada assíduos é simples.
Fui, ando com uma preguiça enorme de escrever aqui, e não sei quando volto denovo. Foda-se também eu quero dizer. Foda-se a linearidade, a falta de nexo, as vírgulas e reticências que só eu entendo. A parte todos os “foda-se” há aqui também muito amor e alegria, daí a existência deles.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Saudade do que não foi...

É contraditório, confuso e um tanto surreal, mas é possível... Sim é possível sentir saudade do que não foi. E vou te contar que sentir saudade assim é tão ruim quanto seria se tivesse ido...
Sei lá, este sentimento se fez lugar comum a mim na noite de ontem... Na madrugada anterior havia falado sobre isso com uma amiga ao telefone... Tentava ilustrar à ela o que ocorreu entre ela e um outro indíviduo e cheguei à essa expressão “saudade do que não foi”... – “O que houve entre vocês é muito louco, estranho, gostoso, mas não foi e talvez não há de ser, é muito ruim sentir saudade do que não foi...”.
Senti ontem reavivar dentro de mim essa coisa, essa saudade... Estava eu desfrutando de um cigarrinho perto de uma fogueirinha e me senti observada, procurei e encontrei. Quem me observava não gosta de olhar fugidio iguais ao que eu tinha aos 17 anos. Mas eu não mudei muito, continuo fugidia e receosa como há cinco anos atrás e me faltou a coragem de encarar e simplesmente retribuir... Sai da cena com um pacote dentro do estômago, ruborizada, tudo complicado, embaralhado, confuso, gemendo, chorando, mas não dava mais pra tirar de dentro. A certeza de que esta saudade talvez fique pra sempre estagnada que me impulsionou a continuar no meu caminho, mesmo que torto para não fazer crescer ainda mais o que não há de ser.
O mais gostoso disso tudo (sim há prazer), é que naquele breve encontro no ar senti que o embrulho se fazia recíproco do lado de lá e que a saudade também era grande.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Coisa

Lá o sol não aquece, arde... A água não chega e não molha. O frio é triste e corta. A luz se faz escassa com o por do sol e a eletricidade é sonho de consumo.

Há cólera no ar. Há também muita esperança misturada com conformismo.

Lá parece que as coisas nunca vão chegar, na verdade parecem que nunca chegaram... As visitas são continuas, um entra e sai, não pára nunca, não há trancas... Eles sorriem e eu me pergunto: como conseguem? São hospitaleiros, carentes e baratos.

Com minha câmera na mão eu ganho o carinho e a desconfiança de todos eles. Lá eu sou tia, eu sou um pedaço de carne disputado e carregado como troféu... Eles querem abraçar, sentar no colo, brincar e saber como é a casa onde eu moro...

É muito triste pensar na casa onde eu moro quando percebo que ali ninguém tomou banho ainda, porque está muito frio e não há água encanada e muito menos quente... Servem-me um café ralo, mas cheio de boa vontade e suor de um salário mínimo.

O meio fio público é extensão de suas “residências”. Andam descalçados como se estivessem na sala de suas casas, se sala em suas casas tivessem, mas o descalçar não se dá por capricho ou conforto e sim por o calçado não existir.

Corta-me o coração ao dar as costas pra um barraco de aglomerado e deixar pra trás muitas lágrimas que eu com apenas um click conquistei e na certeza de que nunca mais irei vê-los pelas adversidades da vida e do mundo. Tento ser fria e agradeço por ter conseguido sair viva de mais um dia doido e dentro do carro no caminho de casa, iluminada pelas luzes de uma via expressa qualquer dessa desvairada, vou olhando lentamente imagem por imagem e pensando na loucura que é o mundo, que loucura é ser um ser vivo, que loucura é saber que muitos deles nunca vão saber de muitas coisas e que a realidade daqueles não vão muito além de uma cerveja na venda ao lado e um ovo colorido.

Aqui vos fala uma eterna lamúria que ouve “Am I the Same Girl”, enquanto reaviva, relata e “ilustra” porcamente a depressão do submundo de um micro ponto no mundo desfavorecido de vida vivida. Eles me perguntariam: “tia o quê é vida vivida?”, creio eu que como agora meus olhos ficariam mareados o silêncio falaria por mim e eu daria um grande abraço.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Hard Core assim.

"Amor
Amor, não me faça chorar
Faça-me chorar
Mas de qualquer jeito preciso e precioso
Ando com o coração na boca e no bolso e sobre os pés
Estou cercado de corações e todos meus
Doendo, pulsando, gemendo, rindo, bisbilhotando
Um passo em falso e esmago meus sentimentos
Um escorregão e caio de bunda no amor

O que fazer com o mundo assim
E não pergunte sobre o buraco no peito
Não é por falta de coração
"

(Michel Melamed)